Por que a extrema-direita odeia o Nordeste?

Oi, minha gente! Tudo bem?

Aqui é Mariama Correia, cofundadora da Cajueira. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), fez novas declarações xenofóbicas contra o Norte e o Nordeste. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, no sábado passado, Zema chamou o Nordeste de “vaquinha que produz pouco” para justificar a formação da frente Sul-Sudeste (Cossud), que tenta defender interesses econômicos das regiões no Congresso Nacional contra propostas do Norte e do Nordeste.

Governadores e políticos nordestinos reagiram às declarações separatista de Zema. Um dos posicionamentos mais contundentes foi o do ministro da Justiça e Segurança Pública, o maranhense Flávio Dino. Ele considerou absurdo que a “extrema-direita esteja fomentando divisões regionais” e disse que a fala fere a Constituição Federal, que proíbe “criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si”.

O discurso de ódio contra o Nordeste e suas declarações separatistas são, de fato, estratégias da extrema-direita. Aposta de liderança bolsonarista para as próximas eleições presidenciais, Zema já fez outras falas discriminatórias contra nordestinos. Dois meses atrás, ele disse que no ‘Sul e no Sudeste há uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial’. 

É importante lembrar que o ódio ancestral e estrutural contra nordestinos foi alimentado pelo ex-presidente Bolsonaro (PL), que fez inúmeras afirmações preconceituosas sobre nossa região durante seu governo. Ironicamente, mas sem surpresa, o rechaço ao projeto político de discriminação e morte que ele representava veio principalmente das urnas do Nordeste, fundamentais para a vitória de Lula (PT), apesar de todas as tentativas golpistas de impedir os votos dos eleitores da região. 

As declarações de Zema – além de revelarem completa ignorância sobre a realidade do país, considerando a representatividade econômica dos estados do Nordeste – é criminosa. Não se trata de um ‘equívoco’, ‘gafe’ ou ‘deslize’, como alguns jornais classificaram. Xenofobia é crime previsto na Lei de Combate ao Racismo, que condena “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. 

A visão de Romeu Zema sobre o Nordeste, como uma região dependente e miserável, repercute o preconceito das classes dominantes brasileiras, que historicamente têm se beneficiado das desigualdades regionais e sociais para manter seus privilégios. Ofensas e xingamentos contra nordestinos, que brotam nas redes sociais vez ou outra, são manifestações desse preconceito enraizado na nossa sociedade. 

A discriminação contra o Nordeste também pode ser analisada por uma ótica racial, considerando que temos a maior população autodeclarada negra do Brasil, a maior população quilombola e a segunda maior população indígena do país, segundo o IBGE. Você confere abaixo uma seleção de links com reportagens sobre populações quilombolas na região. 

O discurso xenofóbico, preconceituoso, racista e separatista na política não pode ser tolerado. Nossa missão na Cajueira é combater preconceitos contra o Nordeste. Nos ajude a continuar esse trabalho importante doando no pix cajueira.ne@gmail.com e/ou contribuindo com nossa campanha Plantio.

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Quase 70% da população quilombola do país é nordestina, segundo o IBGE. A Bahia é o estado com a maior população quilombola. 

Alcântara, no Maranhão, é a cidade brasileira que proporcionalmente tem a maior quantidade de autodeclarados quilombolas – 85%. A Agência Tambor vem cobrindo a luta de quilombolas maranhenses por reconhecimento de seus territórios e contra as ameaças que sofrem constantemente.

Criada no Quilombo Rampa, na cidade Vargem Grande, no Maranhão, a TV Quilombo dá visibilidade à cultura quilombola. Em 2021, o projeto conseguiu que o curta-metragem Mundinho fosse selecionado para o festival Guarnicê de Cinema. O filme é uma história de amor, que se passa em um quilombo. 

Ouça 🎧

Idealizado e produzido pela pesquisadora, produtora e gestora cultural Stéfane Souto, o podcast “É tudo Quilombo?”, lançado em 2022, trata de cultura e aquilombamentos contemporâneos. 

Na temporada Sertanejas Pesquisadoras, o podcast Calumbi entrevistou Carmélia Miranda, pós-doutora em História pela Universidade de Lisboa e professora da Universidade do Estado da Bahia, sobre mulheres quilombolas. 

Para entender a realidade dos quilombos no Brasil, o podcast Prosa Nordestina entrevistou Givânia Maria da Silva, uma educadora do Quilombo de Conceição das Crioulas, em Salgueiro (PE) e doutoranda em Sociologia pela Universidade de Brasília. Ela também faz parte da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas.

Veja 📺

Você faz ideia de como é a arte quilombola feita por mulheres do povoado de Campo Grande, em Santa Teresinha, na Bahia? Nessa reportagem Os Sertões, o jornalista Paulo Moreira mostra o talento das artesãs em vídeos e o resume em uma frase: “Em alguns momentos, o ritmo do entrançar da palha chega a ser mais rápido que a fala”.

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