Caatinga Climate Week coloca bioma brasileiro no centro dos debates ambientais

 

Uma semana para colocar a Caatinga no centro dos debates ambientais no mundo. No ano em que o Brasil se prepara para realizar a 30º Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP30, na Amazônia, a Caatinga Climate Week, em Pernambuco, leva as discussões para dentro de territórios fortemente afetados pela emergência climática. Atualmente, 9% da área da Caatinga já está desertificada, segundo o Instituto Nacional do Semiárido (INSA).

A Cajueira e o Observatório da Vida Agreste (OVA), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), se juntaram na cobertura do evento inspirado nas semanas do clima realizadas em outros países. Os debates começaram na quarta-feira (1) e seguem até o sábado (4), nas cidades de Caruaru, Caetés e Pesqueira, no Agreste pernambucano. A programação inclui imersões em comunidades que já estão na linha de frente das adaptações à crise climática.

“Aqui podemos mostrar ao mundo que é possível se adaptar com soluções simples, criadas pelas próprias comunidades” disse o Coordenador do Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, Carlos Magno.

A questão da universalização da água foi um dos pontos principais da plenária realizada na quinta-feira (2). Lilian Rahal, à frente da Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social, prometeu mais cisternas para o semiárido. “Conseguimos entregar cem mil cisternas nos últimos três anos e o desafio agora é entregar, até o final do ano que vem, mais 140 mil”, disse.

 

Coordenador do Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, Carlos Magno participou da programação (Crédito: Xikão Neto)

A primeira-dama, Janja Lula da Silva, enviada especial sobre as mulheres na COP30, esteve na abertura do evento, em Caruaru, na quarta-feira. Ela lembrou que a Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, é essencial para o sequestro de carbono da atmosfera. De 2015 a 2022, o bioma respondeu por metade dos abatimentos de carbono do país.

“A gente precisa proteger esse bioma de todas as formas, e a gente só consegue fazer isso unindo as tecnologias sociais desenvolvidas com as políticas públicas que o governo apresenta. É a nossa tarefa aqui, ouvir, levar e apresentar essas propostas na COP”, disse.

As políticas de convivência com a seca, práticas agroecológicas, tecnologias sociais e saberes das populações da Caatinga apontam caminhos sustentáveis para o futuro do planeta. Jurema Werneck, uma das ativistas ambientais mais respeitadas do país, enviada especial de igualdade racial e periferias da COP30, lembrou, durante sua participação, que é preciso observar e ouvir as soluções das populações. “São as comunidades que estão mostrando como salvar vidas e apontando caminhos”.

Representantes de comunidades locais, presentes no evento, participaram da construção de uma carta com propostas e demandas do semiárido. O documento será levado diretamente às negociações da COP30, em Belém (PA).

O encerramento do evento acontecerá no Ecosítio do Parque Nacional do Vale do Catimbau, em Buíque (PE), onde lideranças indígenas e outros participantes se reunirão em plenária para reafirmar compromissos e fortalecer a luta pela Caatinga. Segundo Magno, a expectativa é receber 200 representantes de 10 etnias de povos indígenas, com foco em propor soluções possíveis para a crise climática.

Reportagem: Observatório da Vida Agreste (OVA-UFPE) – César Freitas, Adriane Delgado, Inácio de Carvalho, Stefany Santos, Xikao Neto, Louise Farias, Sophia Nascimento, Eduarda Martins, Mary Rafaela, Samilly Mendes, Wagner Tabosa Filho, Yohanna Lya, Alice França, Maria Eduarda Alexandre, Márcia Valéria.

Edição: Cajueira

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