Oi, tudo bem contigo?
Tu já ouvisse falar em desertos de notícias? São lugares onde não existe jornalismo local, ou seja, coberturas feitas a partir dos territórios. O Nordeste é a região com maior proporção de desertos de notícias, segundo o censo do jornalismo local no Brasil feito pelo Atlas da Notícia. A nova edição da pesquisa foi publicada este mês.
Nos desertos de notícias é difícil ter acesso à informação checada e de qualidade sobre realidades locais. Por exemplo, em muitos municípios nordestinos, sobretudo no interior, as pessoas recebem mais informação sobre o Rio de Janeiro e São Paulo, onde estão sediados os grandes conglomerados de mídia do Brasil, do que sobre seus próprios municípios. “A ausência do jornalismo local também cria um ambiente propício à desinformação”, aponta Mariama Correia, que é pesquisadora do Atlas no Nordeste e também cofundadora da Cajueira.
A boa notícia é que esses desertos estão sendo irrigados por iniciativas digitais e rádios comunitárias. No Nordeste, o censo do Atlas também destaca a expansão de iniciativas de jornalismo independente como uma tendência consolidada na região, coisa que a gente sempre chama atenção aqui na Cajueira. Essas organizações “têm assumido o protagonismo no noticiário local, pautando o debate público e os grandes jornais”, destaca a pesquisa.
Os dados do Atlas da Notícia mostram que, apesar de todos os desafios, o jornalismo nordestino está vivo, pulsante e cada vez mais diverso. Em dois anos, a Cajueira já mapeou mais de 100 iniciativas de jornalismo independente nordestinas, apresentadas nas nossas newsletters, no Cajuzap e que agora também podem ser consultadas no Mapa da Cajueira por estado, formato e tema.
Quanto mais a gente irrigar o jornalismo no Nordeste com oportunidades e valorização, mais iniciativas vão florescer. Ajude a gente a continuar esse trabalho fazendo uma doação no nosso Plantio e/ou no pix cajueira.ne@gmail.com
Um cheiro! Sirva-se!
Avalanche de conteúdo
Na série Desinformação e Mineração, o Mídia Caeté revela as estratégias que reforçaram a vantagem para Braskem, mineradora responsável pelo afundamento de vários bairros de Maceió, e aplacaram a pressão contra a empresa. O site mostra que, enquanto o inquérito não é concluído, a mineradora segue negociando com órgãos públicos seu lugar no desastre ambiental.
Nordeste quilombola
O Censo de 2022 mostrou que o Nordeste concentra a maior parte dos quilombolas no Brasil (68,1%), como mostramos na última curadoria. Mas a região é a segunda do país com menos territórios delimitados, apenas 9,87%. A cada 10 quilombolas, apenas um vive em território delimitado, segundo a Agência Tatu.
Vale encantado
O Budejo estreou a série Mestres do Vale Encantado: Tesouros vivos do Cariri. Em cinco episódios semanais a equipe do podcast entrevista artesãos, brincantes, músicos e cantadoras espalhados por quatro cidades da região do Ceará. São pessoas que preservam saberes e fazeres tradicionais e por isso foram reconhecidas como Mestres da Cultura no estado. É de se emocionar a cada novo episódio lançado. Até agora, três estão disponíveis.
Na estrada com as Margaridas
O Pedreirense traz registros da jornada de 45 quebradeiras de coco babaçu, da região Médio Mearim e Cocais, no Maranhão, que participaram da edição 2023 da Marcha das Margaridas. Politizadas e organizadas, elas apontam as contradições de seu tempo, defendem a integridade de seus territórios, sem deixar de sorrir, brincar e rezar.
São Francisco
De beleza incomum, a rã-macaco, como é popularmente conhecida, chama atenção por sua cor verde e listras laranjas e pretas nas laterais de seu corpo. Mas é seu comportamento que mais desperta curiosidade: ela não possui o hábito de saltar. A espécie curiosa vive ao norte do Rio São Francisco, como mostra a Agência Eco Nordeste.
Após quatro anos disponibilizando conteúdo exclusivo sobre o quadro socioambiental da bacia hidrográfica do rio São Francisco, o InfoSãoFrancisco suspendeu suas atividades. “Assim como os sábios e experientes canoeiros, o site está encostando sua canoa, à espera de tempos mais favoráveis”, diz o texto. Lamentamos muito porque o trabalho do veículo é essencial para uma cobertura qualificada sobre o rio São Francisco, cuja importância é praticamente ignorada pela grande mídia sudestina.
Crime organizado
O Blog Escrivaninha investiga como funciona a lógica capitalista do crime organizado no Ceará. Os “neutros”, conhecidos também como Massa Carcerária e Tudo Neutro (TDN), são um novo grupo que atua no mercado de drogas do estado.
Filme maranhense LGBTQIA+
O Buliçoso mostra que o filme maranhense LGBTQIA+, dirigido e produzido por alunos egressos da Escola de Cinema do Maranhão do IEMA (Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão), Casa de Bonecas, foi contemplado com a melhor direção de arte entre os cobiçados kikitos do 51º Festival de Cinema de Gramado, na mostra dos curta-metragens brasileiros.
Entrevista com Frei Betto
A Revestrés entrevistou Frei Betto, o frade que foi preso pela ditadura, desenvolveu a meditação na prisão, escreve todo os dias, pratica atividade física, e não poupa a Igreja Católica: “É uma situação esdrúxula: temos uma cabeça progressista – o papa Francisco – e um corpo conservador”. E como esse corpo elegeu essa cabeça? “Foi um equívoco”.
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